sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Por que não houve preconceito no meu ato de informar a ordenação de Edivandro, o comunista de Chapecó?

Aconteceu e sempre acontecerá, haverá sempre alguém de argumentação pífia que fará o favor de levar a discussão (já perdida) para o lado politicamente correto, a fim de não servir a uma verdade, mas a sua própria verdade. Ocorreu no e-mail que o C.P. de Passo Fundo/RS me enviou:

Quando se quer estabelecer verdades a partir de preconceitos, se passa por cima de tudo, até das pessoas que pensam diferente.

Vamos por partes:

1. Preconceito de minha parte com o jovem Edivandro? Não tenho absolutamente nada contra ele, como pessoa. Em termos de ideologia, não sou o único que discorda, mas a própria Igreja. O Papa Pio XII emitiu, em 1949, através do Santo Ofício (hoje Congregação para a Doutrina da Fé), um decreto contra o comunismo, que prevê, bastante claramente, em forma de perguntas, qual poderia ser o envolvimento de um católico com o comunismo, verbis:

Perguntas.:

1. É permitido aderir ao partido comunista ou favorecê-lo de alguma maneira?

2. É permitido publicar, divulgar ou ler livros, revistas, jornais ou tratados que sustentam a doutrina e ação dos comunistas ou escrever neles?

3. Fiéis cristãos que conscientemente e livremente fizeram o que está em 1 e 2, podem ser admitidos aos sacramentos?

4. Fiéis cristãos que professam a doutrina materialista e anticristã do comunismo, e sobretudo os que defendem ou propagam, incorrem pelo próprio fato, como apóstatas da fé católica, na excomunhão reservada de modo especial à Sé Apostólica?

Resp. (confirmada pelo Sumo Pontífice 30/06):

Quanto a 1.: Não; o comunismo é de fato materialista e anticristão; embora declarem às vezes em palavras que não atacam a religião, os comunistas demonstram de fato, quer pela doutrina, quer pelas ações, que são hostis a Deus, à verdadeira religião e à Igreja de Cristo.

Quanto a 2. Não, pois são proibidos pelo próprio direito (cf. CIC, cân. 1399).

Quanto a 3.: Não, segundo os princípios ordinários determinando a recusa dos sacramentos àquele que não tem a disposição requerida.

Quanto a 4.: Sim.

Portanto, não é algo que simplesmente inventei, e muito menos o fiz para julgar o jovem Edivandro. A formação dele, sim, é a responsável por deixar isso acontecer. Ademais, não há, como muitos afirmam, excomunhão latae sentenciae (a que incorre no momento do seu fato gerador), mas sim uma excomunhão que deve ser pronunciada pela Santa Sé em pessoa, se esta desejar.

Não obstante, o decreto poderia, como prevê o Direito Canônico, ser renunciado, revogado ou tornado inválido, o que não aconteceu até o presente momento, o que, portanto, presume a sua existência, validade e eficácia.


2. Tenho um afilhado que é comunista, mais precisamente filiado no PC do B. Meu amor e carinho por ele são profundos, mas não em matéria ideológica, e ele sabe disso mas também respeita (assim como igualmente é respeitado). Porém, trata-se de uma pessoa que sabe reconhecer os lugares onde praticar a sua ideologia, o que não acontece com o jovem de Chapecó. A Igreja em pessoa rejeita o fato do católico ser comunista, imagine então um sacerdote!


3. Cristo afirmando que "não vinha trazer a paz, mas a espada" não significava que Ele fosse um político, como afirma o C.P. Aliás, Ele mesmo afirmou "dai a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César", não podendo a religião ser utilitário da política, como o próprio C.P. foi cúmplice sendo da PJ, que já elegeu alguns deputados e vereadores no RS, entre eles Jefferson Fernandes e Altemir Tortelli.

O Papa Bento XVI esclareceu, antes das eleições, que é dever dos pastores aconselharem os seus fiéis a votarem contra partidos abortistas, como o PT, e também afirmou que aos leigos competem votar em candidatos que tragam o bem comum, e não o bem coletivo. Comunismo tem finalidades essencialmente coletivas, assim ocorre com o PT, PC do B, PSTU e PSOL, da mesma maneira, como explico no meu artigo publicado na Revista In Guardia de dezembro de 2011.


4. Quem tentou passar por cima de pessoas que "pensam diferente" dele (C.P.) mas iguais à Igreja e aos católicos em comunhão com o papa, foi o próprio C.P. Ao me ameaçar de intervenção judicial não só tentou calar, como tentou fugir da discussão, marcada pela sua ignorância teológica, como foi demonstrada no vídeo. O caso de C.P. é bastante comum: jovens que tem preguiça de ler o Catecismo da Igreja Católica, pois ele não defende NENHUMA das posições que eles defendem. Não obstante, desafio ao C.P. de achar fulcro de tudo o que ele falou no e-mail dentro do Catecismo.

Essa figura de "jovem revolucionário" dentro da Igreja está a cada dia dando mais espaço a movimentos que estão verdadeiramente em comunhão com o Papa Bento XVI, cada vez mais preparando a Igreja Católica no Brasil à Jornada Mundial da Juventude de 2013.


5. Muitos não sabem, mas a Igreja possui uma encíclica papal que afirma claramente a posição contra o comunismo, a chamada Divini Redemptoris, escrita pelo Papa Pio XI:

9. Ora, a doutrina que os comunistas em nossos dias espalham, proposta muitas vezes sob aparências capciosas e sedutoras, funda-se de fato nos princípios do materialismo chamado dialético e histórico, ensinado por Karl Marx, de que os teóricos do bolchevismo se gloriam de possuir a única interpretação genuína. Essa doutrina proclama que não há mais que uma só realidade universal, a matéria, formada por forças cegas e ocultas, que, através da sua evolução natural, se vai transformando em planta, em animal, em homem. Do mesmo modo, a sociedade humana, dizem, não é outra coisa mais do que uma aparência ou forma da matéria, que vai evolucionando, como fica dito, e por uma necessidade inelutável e um perpétuo conflito de forças, vai pendendo para a síntese final: uma sociedade sem classes. É, pois, evidente que neste sistema não há lugar sequer para a idéia de Deus; é evidente que entre espírito e matéria, entre alma e corpo não há diferença alguma; que a alma não sobrevive depois da morte, nem há outra vida depois desta. Além disso, os comunistas, insistindo no método dialético do seumaterialismo, pretendem que o conflito, a que acima Nos referimos, o qual levará a natureza à síntese final, pode ser acelerado pelos homens. É por isso que se esforçam por tornarem mais agudos os antagonismos que surgem entre as várias classes, da sociedade, porfiando porque a luta de classes, tão cheia, infelizmente, de ódios e de ruínas, tome o aspecto de uma guerra santa em prol do progresso da humanidade; e até mesmo, porque todas as barreiras que se opõem a essas sistemáticas violências, sejam completamente destruídas, como inimigas do gênero humano.

E Pio XI não parou por aí, deixou um recado para vocês:

80. Mas não podemos pôr termo a esta Carta Encíclica, sem dirigir uma palavra àqueles mesmos filhos Nossos que estão já contagiados ou tocados do mal comunista. Exortamo-los vivamente a que ouçam a voz do Pai que os ama; e rogamos ao Senhor que os ilumine, para que deixem o caminho que os despenha a todos numa imensa e catastrófica ruína, e reconheçam também eles que o único Salvador é Jesus Cristo Senhor Nosso: “porque não há sob o céu nenhum outro nome dado aos homens, pelo qual possamos esperar ser salvos” (At4, 12).


6. Como todo teólogo revolucionário, vocês nos impõem a literalidade de que o "Concílio Vaticano II não foi contra o comunismo". Bom, talvez não no seu teor, mas se dirigiu diretamente nas citações, veja na Gaudium et Spes:

21. A Igreja, fiel a Deus e aos homens, não pode deixar de reprovar com dor e com toda a firmeza, como já o fez no passado (16), essas doutrinas e actividades perniciosas, contrárias à razão e à experiência comum dos homens, e que destronam o homem da sua inata dignidade.

16. Cfr. Pio XI, Enc. Divini Redemptoris, 19 março 1937: AAS 29 (1937), p. 65-106; Pio XII, Enc. Ad Apostolorum Principis, 29 junho 1958: AAS 50 (1958), p. 601-614; João XXIII, Enc.Mater et Magistra, 15 maio 1961: AAS 53 (1961) p. 451-453; Paulo VI, Enc. Ecclesiam Suam, 6 agosto 1964: AAS 56 (1964), p. 651-653.

Veja que não é uma pequena citação, pois ela remete a nada menos do que 41 páginas da encíclica Divini Redemptoris.


7. E o que dizer da Conferência de Aparecida? Muitos documentos remetem ao seu pensamento socialista, que foi repreendido também pelo Papa Bento XVI, em pessoa, no discurso de abertura:

(...) é inevitável falar do problema das estruturas, sobretudo das que criam injustiças. Na realidade, as estruturas justas são uma condição sem a qual não é possível uma ordem justa na sociedade. Porém, como nascem? Como funcionam? Tanto o capitalismo como o marxismo prometeram encontrar o caminho para a criação de estruturas justas e afirmaram que estas, uma vez estabelecidas, funcionariam por si mesmas; afirmaram que não só não teriam tido necessidade de uma precedente moralidade individual, mas também que fomentariam a moralidade comum. E esta promessa ideológica demonstrou-se falsa.

Os fatos o comprovam. O sistema marxista, onde governou, deixou não só uma triste herança de destruições econômicas e ecológicas, mas também uma dolorosa opressão das almas. E o mesmo vemos também no ocidente, onde cresce constantemente a distância entre pobres e ricos e se produz uma inquietadora degradação da dignidade pessoal com a droga, o álcool e as sutis ilusões de felicidade.

As estruturas justas são, como já disse, uma condição indispensável para uma sociedade justa, mas não nascem nem funcionam sem um consenso moral da sociedade sobre os valores fundamentais e sobre a necessidade de viver estes valores com as necessárias renúncias, inclusive contra o interesse pessoal.


.Portanto, não há o que se falar em preconceito, há sim o que se falar em desobediência, e não de minha parte.

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