A Igreja Ortodoxa Russa proclamou santos a mais de 1500 mártires
Por Antonio Gaspari
MILÃO, sábado, 19 de novembro, 2011 (ZENIT.org) - "Os mais de 1500 mártires e confessores elevados aos altares da Igreja Russa são apenas uma migalha do exército de santos ortodoxos que têm permitido o triunfo histórico espiritual da Igreja no meio das perseguições comunistas sem precedentes, por crueldade e sacrilégio".
O afirmou Georgij Mitrofanov professor de história na Academia Teológica Ortodoxa de Petersburgo, falando no congresso internacional realizado pela Fundação Russa Cristã, intitulado "Crises do humano e desejo de felicidade. O que a Igreja hoje há de dizer? ".
No congresso realizado em Milão e Seriate (BG), do 28 ao 30 de outubro 2011 Georgij Mitrofanov, autor do livro "A Rússia e o Século XX", publicado pela editora Agat de Petersburg narrou sobre a perseguição do regime comunista contra a Igreja Ortodoxa.
O professor russo que é também sacerdote ortodoxo explicou que de 1918 a 1921, o regime bolchevique, com vista à eliminação física da Igreja e dos seus membros ativos, geralmente não buscava envolver o clero nas ações nas ações anti-religiosas e nos seus órgãos repressivos ou de propaganda.
As perseguições deste primeiro período quase não deixaram rastro nas fontes escritas, porque naqueles anos praticamente não se fazia nenhuma investigação, e os únicos testemunhos escritos sobre as repressões são os mandados de prisão (aqueles que foram conservados), e acima de tudo as sentenças de fuzilamento.
Com relação aos períodos posteriores e mais intensos das repressões, de 1922 a 1923, de 1928 a 1934 e de 1937 a 1941, a Comissão sinodal da Igreja Ortodoxa Russa tem à sua disposição uma grande quantidade de fontes escritas, que permitem precisar nos detalhes as circunstâncias da morte de milhares de vítimas do terror seja entre o clero que entre os leigos comprometidos.
Isso porque os órgãos de investigação da polícia secreta "GPU" ou "NKVD", gravavam detalhadamente o desempenho de cada atividade operacional até à emissão da sentença.
Segundo o professor Mitrofanov, "Se compararmos as perseguições sofridas pela Igreja Ortodoxa Russa no período soviético com aquelas dos cristãos dos primeiros séculos, as primeiras não só são maiores, mas também mais cruéis e refinadas nos métodos”.
"No entanto - acrescentou - não seria justificado considerar todas as vítimas daquele período, leigos e também os sacerdotes, como mártires pelo simples fato de terem morrido durante as perseguições anti-religiosas."
O professor russo explicou que os sacerdotes e leigos presos nos anos 20 e 30 eram geralmente acusados de crimes políticos, e era muito raro que durante o inquérito fosse exigido deles negar a Cristo ou o seu próprio ministério sacerdotal.
O principal objetivo dos investigadores era o de forçar suas próprias vítimas, também com torturas físicas e morais ferozes, a reconhecer-se culpadas das acusações recebidas, envolvendo ao mesmo tempo tantas pessoas quanto possível como cúmplices.
Para o prof. Mitrofanov, "o primeiro dever moral ante Cristo neste período de perseguição não era tanto a capacidade do cristão preso de professar a Cristo por palavras durante a investigação, mas a capacidade de resistir, sob tortura, e não reconhecer os falsos crimes dos quais eram acusados e nem a cumplicidade de pessoas inocentes".
E é precisamente baseando-se neste critério que a Comissão sinodal para as canonizações considerou possível apresentar como material alguns documentos que diziam respeito a sacerdotes e leigos mortos e perseguidos.
A conclusão o professor Mitrofanov sublinhou: "Se o povo russo, que sofreu incalculáveis perdas humanas e histórica cultural no caminho que o levou a superar a pretensão de construir o paraíso na terra, revelou diante de todo o mundo o caráter utópístico e estéril do comunismo, a Igreja ortodoxa russa, que opôs aos perseguidores do cristianismo, a multidão dos seus novos mártires e confessores, mostrou ao mundo a invencibilidade da Igreja na sua luta espiritual com uma das concepções mais terríveis da história da humanidade".
[Tradução TS]
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